“No Brasil vê-se repetir a cada ano a associação entre o Dia Internacional da Mulher e o incêndio na Triangle, quando na verdade Clara Zetkin o tenha proposto em 1910, um ano antes do incêndio. É muito provável que o sacrifício das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado ao imaginário coletivo da luta das mulheres. Mas o processo de instituição de um Dia Internacional da Mulher já vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e europeias há algum tempo e foi ratificado com a proposta de Clara Zetkin“.
Num ensaio bastante profundo, mas de leitura suave, a pesquisadora Eva Alteran Blay resgata a origem do Dia Internacional da Mulher, publicando em 2001 na Revista Estudos Feministas “8 de março: conquistas e controvérsias”. ENSAIO – 8 DE MARÇO CONQUISTAE E CONTROVÉRSIAS – Eva Alterman Blay – Rev. Estudos Feministas – 2001
Seja adotando o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher, como a ONU o instituiu em 1975, seja resgatando a proposta de Clara Zetkin no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas (Copenhagem, 1910), seja tomando o incêndio na Triangle Shirtwaist Companydia de 25 de março de 1911 (Nova York), o fato é que todos revelaram uma só realidade: o ser humano oprimindo seu semelhante (neste caso, a mulher).
Na dimensão histórica, também merece destaque o fato de que somente quatro mulheres (Bertha Lutz, do Brasil, Minerva Bernardino, da República Dominicana, Virginia Gildersleeve, dos Estados Unidos, e Wu Yi-fang, da China) integraram as delegações na Conferência de São Francisco, em 1945, quando foi assinado o documento fundador da ONU e, nesse momento, o destaque foi para a cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz, integrante da delegação brasileira na Conferência que fundou as Nações Unidas, teve um papel central na inclusão da igualdade de direitos entre homens e mulheres na Carta da ONU, liderando oposição às delegações de países industrializados, para conquistar o natural direito à igualdade entre homens e mulheres no documento.
Igualdade, um bem de valor supremo tanto no plano filosófico quanto no religioso e político, é o oposto daquilo que, infelizmente, é o lado mais sombrio da natureza humana: a discriminação e a opressão por meio de todas as formas de poder.
Nessa perspectiva, ao Instituto Brasileiro de Segurança Pública, por agremiar homens e mulheres que protegem homens e mulheres da sociedade civil, cabe sempre fazer esse resgate histórico, aproveitando a oportunidade dessa simbologia histórica, para parabenizar não só suas Associadas, mas todas as mulheres, mães, irmãs, filhas e esposas, que sempre serão a base da família, celula mater das sociedades.
Azor Lopes da Silva Júnior, presidente do Instituto Brasileiro de Segurança Pública, 08 de março de 2025.
redação
Últimas Postagens de: redação (Veja Todos)
- ELEMENTOS PARA O DEBATE “GUARDAS MUNICIPAIS E TEMA 656 DO STF” - 10 de março de 2025
- A LUTA DA MULHER CONTRA A OPRESSÃO - 8 de março de 2025
- Decreto nº 12.341, de 2024: muito ruído, mas nada de novo… - 27 de dezembro de 2024